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1. |
Lingua Brasa
02:10
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QUE M AMA M AMA
*
Dois devassos
atrás dos prédios
amassos
Mão nos meus peitos
e um dedo médio
Por baixo
*
Cada palavra que te sai da boca
é uma gota
A molhar-me
Pura poesia, Mallarmé?
Só putaria, a melar-me
*
Essa buceta que você lambuza
Que você lambe
Que vc usa
Essa buceta que você roça
Que você goza
Que você sua
Essa buceta ninfa
mariposa borboleta
Batendo as asas às escuras
Quer pousar na sua
*
Buceta é bom - ele disse
E assim fez-se
A buceta bateu palminha
Feito uma foca
Pra ganhar
O peixe
Fez-se o som
E o som
Era do cacete!
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2. |
Tara
03:53
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O hímem o Iêmem
O sexo puritano das mocinhas
Do high school americano
Nem um terráqueo que trepa
Fode surdo à vontade de deus
Nem um poço de petróleo em chamas
É uma imagem tão absoluta
Do psiquismo da criança que fui
A excitação polimórfica
A boneca barbie
Um genital de Quem
O obscurantismo da representação sexual da pessoa
A obsessão dos santos
A cultura do macho
O show da xuxa
O rito pornográfico do pai de família
A vingança da fêmea
Mamãe só falava em deus
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3. |
Noutras Bocas
03:37
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Santa SEXTA
na calada da noite
no pé d'ouvido da madrugada
dentes sibilando atrás da orelha
desnecessária
a palavra cala
nos dedos deslizando pelas costas
omoplatas vértebras flancos
nas digitais que me lêem
sem pressa
pela pele que me arrepia
em suspiros expiro e sôo
sou mais eu
inteira em suas mãos
uma no gatilho
outra no coração
boca na minha nuca
pau entre as minhas coxas
me arrocha forte morde machuca
me cheira me sorve me lambe me come
como se eu fosse a santa
ceia na sexta feira
depois deita em minha cama
como fosse a sua
me envolve com seus braços
como se fossem meus
adormece como se fosse um deus
e de manhã parte sem dizer um a-
deus
*
Sábado Solene
quero te duro
quero te dentro
esse momento
quero que dure
e cada dia será o primeiro
porque em ti morrerei
pra renascer todas as noites
*
Abstinência
sono sem paz
rolo na cama
sonho com sua pele
colada nas minhas costas
bem sei sou estranha
nas entranhas
sinto sua falta
em tudo ao redor
de que vale o amor
a distância
essa ânsia
de vômito
esse embrulho
no estômago
essa dor
no meu âmago
alma em chamas
corpo em vão
vira raiva
morte sem luto
vou me vestir de preto
e afogar o sentimento
no fundo do poço
vou esquecer de tudo
aprender a ser adulto
só por um minuto
talvez
eu cresça
e desapareça
na noite sem lua
no meio da rua
insone
gritando seu nome
nos braços de outro homem
*
não me queira
que eu queimo
não me coma
que sou veneno
te deixo
louco
faço efeito
dou defeito
dou vexame
não me ame
pouco
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4. |
A não ser que me ame
03:52
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Porque amar você
Se não amo a fantasia de você?
Porque amar alguém?
Porque amar alguém?
Porque amar você
Se não amo a nostalgia de você?
Porque amar alguém?
Porque amar alguém?
Esse mar é tão grande e só
Naufragar parece melhor
A não ser que me ame e a poeira da vida por nós
A não ser que me ame e a poeira da vida por nó
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5. |
Beijo de lingua
00:42
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gôndolas
glândulas
gônodas
beijo de língua
gânglios
ínguas
morte em veneza
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6. |
Carne flor
02:41
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auto exílio
em estado de mini-sítio
me excito
surpresa
me beija-flor
sob a lanterna japonesa
chuva de ouro
no meu copo de leite
Deleite-me
debaixo da mexiriqueira
desejo doce
que você me queira
maria sem vergonha
se deixar
até no cacto dá
cu piscando
vagalume enquanto
a boceta borboleta
Orquídea aberta
Lambe a pitangueira
Delírios na roseira
Antúrios em riste
orquídeas em flor
sexo ornamental
céu ton sur ton
noite me penetra
cada minuto
ocaso por dentro
estou ficando prenhe
da noite
saudade carnificina
minha carne viva
a sua por cima
Murmúruio no escuro
Rastro do meu cio
Só na sua boca silencio
*
nu nesse pasto
vem ni mim
Eros manifesto
faz a festa no meu sexo
vem por cima vem por baixo
faz de mim o seu cavalo
e cavalga esse regaço
rosna grunhe geme goza
quero todo seu desejo
jorra o sêmem no meu rasgo
me desprega do meu ego
me penetra o ponto cego
sob o sol da tarde
que me arde
enquanto eu
Cedo
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7. |
Entre as árvores
03:55
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Krishna não vai chegar a tempo aqui no bosque
Minha beleza e juventude são inúteis
Eram mentiras as palavras das amigas
E em quem agora eu poderei buscar refúgio?
Sua seta invisível atingiu-me no peito
Quando O buscava à noite pela selva escura
Eram mentiras as palavras das amigas
E em quem agora eu poderei buscar refúgio?
Porque arder sozinha no fogo do amor?
Melhor morrer do que viver num corpo inútil.
Eram mentiras as palavras das amigas
E em quem agora eu poderei buscar refúgio?
Eu espero aqui entre árvores afrodisíacas
Mas com certeza Ele esqueceu de nosso assunto.
Eram mentiras as palavras das amigas
E em quem agora eu poderei buscar refúgio?
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8. |
Vem mais
02:43
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canção de amigo
redondilha menor
em Lá maior
círculo perfeito
ao sol
côncavo recôncavo
nu sobre o lençol
samba de uma nota só
como não desejar
tocar
essa canção
que sai pelas ruas
sozinha
samba de costas
samba de lado
rego raro
rei dos rabos
nunca perde a bossa
nem o rebolado
*
se é essa
pica dura
de amor
tua jura
eu juro
que acredito
me ajoelho
e rezo
o terço
no quarto
eu abdico
do mundo
e me dedico
ao ato
até deixar-te
farto
jorrar alto
no céu
sem cometas
palato mole
onde duro
vc morre
enquanto vê estrelas
*
vem mais
me faz
tremer até
me arre
piar
me faz gozar
até morrer
de rir até
chorar
e mais
me faz
tremer
morder e pe
dir mais
e en
gasgar
de rir até
tremer a mi
nha voz e mais
vibrar o ar
subir o tom
gritar assim
vem mais
me faz
gemer até
perder
o chão
gozar até
o amor
gritar
em mim
até você
sentir
tremer
em ti
até vc
ouvir
o trim
e mais
chorar de rir
perder
o ar
gozar
em mim
vem mais
até
calar a voz
e rir até
vibrar
o amor
em nós
vem mais
até soltar
e des
fazer
de nós
os nós
em mim
em ti
até
não ser
ser só
depois
o amor
jorrar
em nós
sem mais
*
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9. |
Nas curvas
01:29
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seu leite
em mim
vira lata
via lactea
late cadela no cio
enquanto a vida se espraia
sobre a pele preta
perde-se
cada gota é um mar
de gene
da gente
*
sem ralação
toda questão artes_anal
uma relação musical
orquestração magistral
abre cu entra pau
*
foda-se.
depois me liga.
*
a vida
acontece
nas curvas
que essa reta faz
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10. |
Outras asas
01:58
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cheia de cheiros
prenhe do vento
tempo suspenso
nos teus cabelos
o ocaso do dia
Esperando noite de poesia
*
entre seus óculos
e os maremotos
entre a maresia
e seus ósculos
nas entrelinhas
entre os trópicos
não vai parar de crescer
essa onda
que nos rodeia
esse astral
pena que você odeia
o litoral
enquanto eu
entre mares de morros
morro de saudades do mar
*
sob o sopro de Afrodite
Bicos em riste
Despudoradas
tornamo-nos nossas próprias deusas
nossa missão, que loucura
parir o sol na noite escura
nossa intenção uma quimera
estender o verão até a primavera
nossa paixão pra além de tudo
nos eleva a outro estado
fazer verão em toda estação
não é missão pra uma andorinha sozinha
são precisas
Preciosas
necessárias
outras asas
*
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11. |
Duelo
02:36
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O amor é um dueto
Dança quem souber
Deixar o corpo solto
Bem me quer mal me quer
Bem me quer mal me quer
O amor é um duelo
Ganha quem perder
E souber dar o salto
Bem me quer mal me quer
Bem me quer mal me quer
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12. |
Amor a morar
03:38
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dar doar perder e perdoar
pra não perdurar a dor
esperar o sol se pôr
arder no ar durar
feito planador
ver voar
pra nunca mais pousar
o amor amor amor a morar
no torpor
dar doar perder e perdoar
transpirar com ardor
toda dor a dor a dor a dor
adorar dissolver
transbordar em mar
vibrar o ar
até virar
som
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13. |
Afrodisíaca
02:22
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Rio da risada
Da risada mais gostosa
Ela vem de Cachoeira
e eu Rio quando ela goza
Na risada a vingança
Que a risada é navalha
Corta o mal quebra quebranto
E o jorro se espalha
Palha q pega fogo
Jogo só pra quem se molha
Olho no olho encanto
Canto com molho na dança
Rio da risada
Da risada mais gostosa
Ela vem de Cachoeira
e eu Rio quando ela goza
Ela é mina, ela brota
Diamante, ouro e prata
Ela é pura Purpurina,
Linda brilha, ela broca
Água que me transborda
Nave que me transporta
Felina da cor de amora
Morena que me namora
Rio da risada
Da risada mais gostosa
Ela vem de Cachoeira
e eu Rio quando ela goza
*
Ocaso do dia
Ósculos no escuro
Alvorada em mim
*
Abalo sísmico
Correnteza piroclástica
Erupção vulcânica
Ativa minha eletrostática
Dentro do ritmo
Das placas tectônicas
Prazer emprírico
Nessa transa transatlântica
Rio flâmula
A lava espirra
Magnânima
Afrodisíaca
*
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Iara Rennó São Paulo, Brazil
Iara Reluxx is danger high voltage. Her work goes from acoustic to electronic, from the experimental to the song, in an intense and diverse musical production that cannot be summed up to a single style. It is in plurality that Iara affirms her uniqueness. She creates and presents multilingual projects and verses about the female sexual freedom in a decolonial and afro-diasporic art. ... more
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