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Macuna​í​ma Ópera Tupi

by Iara Rennó

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1.
Macunaíma 05:35
No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma Era preto retinto e filho do medo da noite Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera que a índia tapanhumas pariu uma criança feia - Macunaíma Já na meninice fez coisas de sarapantar De primeiro passou mais de seis anos não falando Se o incitavam a falar exclamava - Ai! que preguiça... e não dizia mais nada Ficava no canto da maloca trepado no jirau de pixaúba espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha - Maanape - velhinho - Jigue - na força de homem O divertimento dele era decepar cabeça de saúva - pouca saúde, muita saúva os males do Brasil são Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro - Macunaíma dandava pra ganhar vintém - acuti pitá canhém No mucambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha - Macunaíma punha a mão nas graças dela cunhatã se afastava Nos machos cuspia na cara Porém respeitava os velhos e freqüentava com aplicação a murua a poracê o toré o bacorocô a cucuicogue todas essas danças religiosas da tribo No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma Era preto retinto e filho do medo da noite
2.
Quando eu morrer não me chores Deixo a vida sem sodade - Mandu sarará Tive por pai o desterro Por mãe a infelicidade - Mandu sarará Papai chegou e me disse: Não hás de ter um amor - Mandu sarará Mamãe veio e me botou Um colar feito de dor - Mandu sarará Que o tatu prepare a cova Dos seus dentes desdentados - Mandu sarará Para o mais desinfeliz De todos os desgraçados - Mandu sarará
3.
Acutipuru, Empresta vosso sono Pra Macunaíma Que é muito manhoso!... Murucututu, Empresta vosso sono Pra Macunaíma Que é muito manhoso!... Ducucu, Empresta vosso sono Pra Macunaíma Que é muito manhoso!...
4.
Conversa 04:02
- Faz três dias que não como, Semana que não escarro, Adão foi feito de barro, Sobrinho me dá um cigarro. - Me desculpe meu parente, Si cigarro não lhe dou; A palha o fosfre e o goiano Caiu n'água, se molhou.
5.
"Quando mingua a Luna não comeces coisa alguma" "espinho que pinica, de pequeno já traz ponta" Vôte, vôte, cuandu! Vôte, vôte, cuati! Vôte, vôte, taiaçu! Vôte, vôte, pacari! Vôte, vôte, canguçu!
6.
Jardineiro 05:28
Oh Jardineiro de meu pai, Oh Não me cortes meus cabelos, Que o malvado me enterrou Pelo figo da figueira Jardineiro de meu pai, Não me cortes meus cabelos, Que o malvado me enterrou Pelo figo da figueira Que passarinho comeu... - Chó, chó, passarinho! Todos os passarinhos choraram de pena gemida nos ninhos e o herói gelou de susto.
7.
Naipi 04:50
- Não vê que me chamo Naipi e sou filha do tuxáua Mexê-Mexoitiqui Minha tribo era escrava da boiúna Capei e todos os tuxáuas desejavam dormir na minha rede e provar meu corpo mais mole que embiroçu Quando meu corpo chorou sangue pedindo força de homem pra servir a suinara cantou manhãzinha nas jarinas de meu tejupá veio Capei e me escolheu Os ipês de beira-rio relampeavam e todas as flores caíram nos ombros do moço Titçatê Titçatê ajuntou as florzinhas e veio com elas pra rede da minha última noite livre Então mordi Titçatê O sangue espirrou na munheca mordida porém o moço não fez caso não gemeu de raiva amando me encheu a boca de flores que não pude mais morder E Naipi serviu Titçatê
8.
Bamba querê 03:20
Bamba querê Sai Aruê Mongi gongô Sai Orobô Eh!... Ô mungunzá Bom acaçá Vancê nhamanja De pai Guenguê Eh!... Ôh! Olorong! Boto Tucuchi! Ô Iemanjá! Anamburucu! Oxum! três Mães-d'água! - Va-mo Sa-ra-vá!
9.
Me espanca devagar Que isto dói dói dói! Também tenho família E isto dói dói dói! Me chifra devagar Que isto dói dói dói! Também tenho família E isto dói dói dói! Enfim roxo de pancada sangrando pelo nariz pela boca pelos ouvidos caiu desmaiando no chão Macunaíma ordenou que o eu do gigante fosse tomar um banho salgado e fervendo e o corpo de Exu fumegou molhando o terreno E Macunaíma ordenou que o eu do gigante fosse pisando vidro através dum mato de urtiga e agarra-compadre até as grunhas da serra dos Andes pleno inverno E o corpo de Exu sangrou com lapos de vidro unhadas de espinhos e queimaduras de urtiga ofegando de fadiga e tremendo de tanto frio E Macunaíma ordenou que o eu de Venceslau Pietro Pietra recebesse o guampasso dum marruá o coice dum bagual a dentada dum jacaré E os ferrões de 40 vezes 40 mil formigas-de-fogo e o corpo de Exu retorceu sangrando empolando na terra com uma carreira de dentes numa perna Com 40 vezes 40 mil ferroadas de formiga na pele já invisível com a testa quebrada pelo casco dum bagual e um furo de aspa aguda na barriga E era horroroso...
10.
Antianti é tapejara - Pirá-uauau Ariramba é cozinheira - Pirá-uauau Taperá onde a tapera Da beira do Uraricoera? - Pirá-uauau Taperá tapejara - Caboré Arapaçu passoca - Caboré Manos, vamos-se embora Pra beira do Uraricoera - Caboré Panapaná pá-panapaná Panapaná pa-panapanema: Papa de papo na popa - Maninha Na beira do Uraricoera
11.
Valei-me 04:36
Subiu esperto pela capistrana pra não cansar porém a vaca era de raça brava Guzerá Valei-me Nossa Senhora, Santo Antônio de Nazaré, A vaca mansa dá leite, A braba dá se quisé!
12.
Rudá 10:04
Rudá, Ruda!... Tu que secas as chuvas, Faz com que os ventos do oceano Desembestem por minha terra Pra que as nuvens vão se embora E a minha marvada brilhe Limpinha e firme no céu!... Faz com que amansem Todas as águas dos rios Pra que eu me banhando neles Possa brincar com a marvada Refletida no espelho das águas!...
13.
Taperá 04:00
Vamos dar a despedida - Taperá Talequal o passarinho - Taperá Bateu asa foi-se embora - Taperá Deixou a pena no ninho - Taperá
14.
Boi 06:11
Meu boi bonito Boi alegria Dá um adeus Pra toda a família Ôh... êh bumba Folga meu boi Ôh... êh bumba Folga meu boi Meu boi bonito Boi Desengano Dá um adeus Até para o ano Ôh... êh bumba Folga meu boi Ôh... êh bumba Folga meu boi O meu boi morreu Que será de mim? Manda buscar outro - Maninha Lá no Bom Jardim Arretira-te, giganta Que o caso está perigoso Quem se arratirou amante Faz ação de generoso Seu Manué que vem do Açu Seu Manué que vem do Açu Vem carregadinho de folha de caju Seu Manué que vem do sertão Seu Manué que vem do sertão Vem carregadinho de folha de algodão Meu boi bonito Boi Zebedeu Corvo avoando Boi que morreu

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released August 1, 2008

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Iara Rennó São Paulo, Brazil

Iara Reluxx is danger high voltage. Her work goes from acoustic to electronic, from the experimental to the song, in an intense and diverse musical production that cannot be summed up to a single style. It is in plurality that Iara affirms her uniqueness. She creates and presents multilingual projects and verses about the female sexual freedom in a decolonial and afro-diasporic art. ... more

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